Tintim a render
Na minha infância e adolescência alimentei-me de livros do Tintim em edições cartonadas, com lombada forrada a tecido, e muitos deles em francês, tendo talvez aperfeiçoado as minhas competências nesta língua com a leitura da famosa banda desenhada. Sempre me fascinou a figura de Tintim – com ar de miúdo por causa das calças curtas e do cãozinho, mas ao mesmo tempo repórter profissional em cenários de risco. Ainda hoje me lembro de ter tido um pesadelo por causa de umas páginas de Tintim – julgo que do álbum A Estrela Misteriosa – no qual uma aranha, tendo feito a teia na boca de um telescópio, sugeria a existência de um planeta com um enorme aracnídeo acoplado. Pois bem: tantos anos depois da morte de Hergé, o criador da figura, Tintim continua a render. Segundo leio, uma folha desenhada em tinta-da-china, em 1937, para servir de guardas a um ou mais álbuns, foi vendida por 2,5 milhões de euros num leilão em Maio passado, verdadeiro record no que toca a obras deste género. O anterior, de resto, já pertencia a Tintim – era a ilustração original da capa de Tintim na América e rendera 1,3 milhões.