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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

16
Fev21

Transparente ou opaca?

Maria do Rosário Pedreira

No jornal Público do passado domingo li um artigo bem interessante de Sílvia Lapa, terapeuta da fala e técnica especial de reabilitação e eduacção especial, sobre a maior ou menor ocorrência de erros de ortografia nos primeiros anos de aprendizagem da leitura e da escrita. A questão tem que ver com um conceito que não conhecia e que toma os vocábulos «transparente» e «opaco» para definir as línguas. Se um idioma tem uma escrita que pouco espelha a oralidade (o inglês, por exemplo, em que um i, um ch ou um gh podem ser lidos de várias maneiras), diz-se que é opaco, e é mais natural que as crianças dêem erros nessas línguas ou, pelo menos, demorem bastante mais tempo a apreender a grafia correcta das palavras. Se, por outro lado, a oralidade anda a par da escrita (como acontece com o finlandês, em que a grafia reflecte mais exactamente o fonema), então estamos diante de uma língua dita transparente. O português, ao que parece, é uma língua de opacidade média (i e p só têm um som, mas o x pode soar de imensas maneiras, como é visível em palavras como exigir (z), enxame (ch), fluxo (cs) ou máximo (ss), 4 sons distintos!). 85% das crianças espanholas (outra língua mais transparente) lêem com precisão no final do primeiro ano de escolaridade, enquanto só 50% das inglesas são capazes do mesmo. Numa língua cheia de excepções como a nossa, não faço ideia de quanto tempo levam as nossas crianças a ler com precisão. Mas lá que os adultos ainda dão erros, basta ver o Facebook...

5 comentários

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    António Luiz Pacheco 16.02.2021

    Ó camarada professora doutora de português, só uma pargunta (sim pargunta cuma s'a diz na n'nha terra) , e , não lhe ocorre que na palavra "pequeno", que na n'ha terra se diz "piqueno" . isso tenha a ver com regionalismo? E, justifique um AO? A gente "tamém d'zemos jinela", táuba" e "áuga" ...
    Mas prontos, isto sou eu, um barrão expatriado, não uma sumidade linguística professora de protuguês que pelos vistos nem se lembra de que há regionalismos e pronúncia.
    Atão. e segundo o acordo ortográfico a gente escravia cuma diz? Olhe... que tal cumuída ou bualos?
    Enfim... a minha empregada diz "próxemo" ... será erro ou acordês?
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    Cristina Torrão 17.02.2021

    O meu comentário não tem nada a ver com regionalismo. Os dois "e", em "pequeno" leem-se de maneira diferente em todo o país, assim como na palavra "Veneza", por exemplo. E também não sei o que isto tem a ver com o AO.
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    António Luiz Pacheco 17.02.2021

    Se disserem p'queno, como se diz muitas vezes, sobretudo nas zonas mais populosas (como Lis... aliás, Lesboa) já não soam diferentes, porque um "e" desaparece, por contracção se bem creio. Fica só o outro. E note que há acentos, os circunflexos, que no acordo parecem terem desaparecido e ajudariam a perceber se é "ê" que se pronuncia, por exemplo... mas que sei eu?
    Note que o acordo, segundo me parece, permite até que escreva como se diz, sendo mesmo esse o objectivo... portanto será antes acordo otográfico.
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    Cristina Torrão 17.02.2021

    Exatamente: o primeiro "e" é mudo, o segundo lê-se "ê" - isto gera confusão em certas crianças, quando começam a ler (os meus pais são dois professores primários reformados). Para um estrangeiro, que esteja a aprender a nossa língua, também é um pouco difícil de encaixar. Por isso, e tendo em conta o que a nossa Extraordinária Anfitriã escreveu, eu opinei que as nossas vocais também parecem ser opacas.

    Ufa! Espero que tenha percebido agora.
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