Um editor com pronúncia inglesa
Em Portugal, onde não existe muita tradição de editing (ao contrário do que se passa no mundo literário anglo-saxónico), fundem-se frequentemente na mesma pessoa as funções de publisher e editor. Este último é, porém, alguém que «fixa» o texto, o corrige, anota, sugere alterações, e não apenas o que selecciona os títulos para publicação (e que às vezes nem os lê). Passei os olhos por um interessante artigo sobre a matéria, escrito por um editor (à inglesa) experimentado, que teve de servir de anjo-da-guarda e psicólogo a autores que tinham perdido o amor-próprio e a fé no que escreviam com outros editors, ao que parece sem as necessárias qualificações para a função e que, entre outras coisas, tinham pura e simplesmente ignorado que eles tinham um estilo... Pois bem, o artigo refere, afinal, quem deve e não deve ser editor, e num título destacado descubro, afinal, o principal: O livro é seu, não meu. Mas leio também que um bom profissional de editing deve ter uma obsessão pela gramática e corrigir a par e passo a ortografia e a pontuação, e que ajuda muito tratar-se de um leitor voraz com empatia pela escrita (pode ser um jornalista, um blogger, ou até um escritor). O bom senso parece também fundamental, bem como a capacidade de se exprimir com objectividade e poder de síntese; deve saber sempre manter a voz do autor e nunca deixar a sua própria pegada no texto; ter olho para o detalhe e ser especialmente sensível às inconsistências; e, por fim, ser brutalmente honesto sem nunca perder o respeito pela obra e o autor com quem está a lidar. Gostei destas dicas e concordei com todas. Segui-las-ei no meu trabalho (se é que não as sigo já).