Um lugar especial
Há lugares especiais pela sua beleza, mas não é a isso que me refiro. É de um lugar que é feito por pessoas especiais e que só é especial por causa da dedicação dessas pessoas, já que, vazio, ninguém daria nada por ele. Como sabem os Extraordinários (ou pelo menos suporão), ando há anos a correr o País de norte a sul, em lançamentos, leituras, debates, festivais literários, homenagens, muita coisa, enfim, e conheço bibliotecas velhas e novas e bibliotecários lidos e outros que não passam de burocratas que querem preencher as respetivas agendas culturais. Mas nunca tinha tido, até recentemente, o grato prazer de ir à Biblioteca de Perosinho, em Gaia, que, sem um tostão do Estado, está de pedra e cal há muitos anos, recebeu prémios e medalhas, e nasceu tão-só do desejo de uns estudantes de terem na sua zona um lugar aonde irem ler e ilustrar-se. Fui lá a uma sessão num sábado à noite, friozinho que bastasse, e fiquei de cara à banda com a quantidade de público e sobretudo a presença de adolescentes (e participativos, ainda por cima!). Tudo organizado ao mais ínfimo pormenor por Vítor Fontes e Anabela Cardoso, pessoas que são mesmo de grande coração, e com a colaboração de muitos que quiseram ouvir, perguntar, recitar poemas e ler textos. O Manel até disse que é para coisas assim que se fez o 25 de Abril... Esta é a prova de que, quando as pessoas querem muito e trabalham, conseguem. Obrigada, Perosinho.