Um país perigoso
Recentemente, no âmbito do festival FOLIO, esteve em Óbidos para uma boa conversa o escritor nigeriano Akinwande Oluwole Babatunde Soyinka, conhecido por Wole Soyinca, dramaturgo, poeta e romancista. Ganhou o Prémio Nobel da Literatura no ano imediatamente anterior a eu entrar no mundo da edição (1986) e tem a bonita idade de 88 anos, mas está óptimo de cabeça, afianço, pois pude cumprimentá-lo num barzinho onde provava uma ginja de Óbidos. Tem, aliás, um grande sentido de humor. E, por ser tão simpático e divertido, a sua editora na Livros do Brasil disse-lhe que ainda haveria de o ir visitar um dia à Nigéria, que é, como sabem, um dos países mais perigosos do mundo, onde o grupo jihadista Boko Haram faz sequestros todos os dias e, de uma só vez,raptou de uma escola mais de cem raparigas que, tanto quanto sei, continuam desaparecidas em parte incerta. Quanto à posibilidade de ser visitado pela sua editora, Wole Soyinca sorriu e concordou, mas logo a seguir disse que iria ele próprio buscá-la ao aeroporto, depois levá-la-ia directamente aos raptores, negociaria com eles a sua liberdade e então, sim, ela poderia andar à vontade nas ruas de Abuja...