Um poeta a ganhar na prosa
Na semana passada, como certamente se deram conta, foi anunciado o vencedor do Prémio LeYa 2021, em cuja lista de finalistas estavam catorze romances. Eram, pela primeira vez, mais de uma dezena (o máximo estabelecido pelo regulamento para enviar aos jurados), mas a colheita era boa e, como no ano passado, por conta da pandemia, o prémio foi interrompido, o júri aceitou ler uma dose maior. A impressão geral sobre o nível dos concorrentes foi boa e, ao que parece, haverá mais livros além do vencedor para publicar; mas a escolha do galardoado foi unânime e teremos um poeta entre os romancistas que já arrecadaram o prémio. Chama-se José Carlos Barros! O autor é arquitecto-paisagista e transmontano (com um sotaque bonito que não perdeu, apesar de viver no Algarve há muitos anos). Já esteve ligado à gestão autárquica e foi deputado à Assembleia da República, onde teve a pasta do Acordo Ortográfico. Escreveu pelo menos dois romances, O Prazer e o Tédio (adaptado ao cinema) e Um Amigo para o Inverno (finalista do Prémio LeYa em 2012), um livro maravilhoso sobre um episódio real acontecido em ditadura que poucos conhecem. E agora é o mais recente vencedor do Prémio LeYa com As Pessoas Invisíveis, que espero que seja tão bom como os anteriores e a sua poesia. Enquanto este não chega, leiamos os já publicados.