Uma nova Eneida
Tenho falado aqui várias vezes da Odisseia, da qual gosto particularmente, mas acho que nunca falei da Eneida, de Virgílio, um poeta que é mais ou menos o equivalente latino do grego Homero. E trago-a aqui hoje porque soube que foi feita recentemente uma nova tradução deste clássico, ainda por cima em verso, que é como convém, e parcimoniosa nas notas (que atrapalham sempre um pouco a leitura, embora façam falta). A epopeia de Virgílio, aonde Os Lusíadas, entre outras obras, foram beber, foi escrita no século I a. C. e tem como protagonista o chefe troiano Eneias (que também aparece na Ilíada), relatando a sua longa viagem por mar a seguir à guerra, em busca de uma nova pátria. A obra, pela sua enorme importância na literatura ocidental, vem sendo traduzida para o português desde o século XVII, umas vezes em prosa, outras em verso; Agostinho da Silva, por exemplo, traduziu-a em verso nos anos 1990. E é também em verso que sai agora esta nova edição pela Cotovia, com tradução de Carlos Ascenso André, professor emérito da Universidade de Coimbra e um latinista que também já traduziu Ovídio. Para acompanhar a onda, hoje recomendo justamente Ovídio, Arte de Amar, que, lido fora do contexto, pode irritar bastante algumas feministas mais radicais.