Uns sapatos muito especiais
Acusado de ter engravidado uma senhora de origem francesa, Estanislau Augusto dos Santos vai como degredado para Angola logo no início do século xx. É lá, porém, que lhe sai a sorte grande, tornando-o acionista de um pequeno império composto de pastelaria, cervejaria, fábrica de refrigerantes e quatro cinemas. Casa-se por procuração com uma jovem de quem terá três filhos, mantendo embora uma relação com a mulata Rosalinda, de quem terá mais um. Encabeça as reivindicações dos comerciantes contra o poder da Metrópole e passa por peripécias várias, quase chegando a ser preso; abalado e desgostoso com a situação, decide regressar a Portugal em 1964. Quem fica a tomar conta dos negócios é Tati, o filho mais velho, que tem um jeito especial para falar com os operários quando as coisas começam a azedar. No início dos anos 1970, o único neto de Estanislau que tem o seu nome andará envolvido na luta pela independência de Angola, mas compreende que os seus sonhos são de papel – e que o papel se rasgou. É esse neto que, anos depois, se apaixonará por uma jovem que o fará regressar ao maior segredo da família, o que liga toda a narrativa em torno da cor de uns sapatos: amarelo tango. Esta é a saga absolutamente fascinante de três gerações de uma família, contada num mosaico de pequenos episódios que – do cómico ao trágico – nos oferecem de forma magistral a história de Angola no último século. Amarelo Tango é o primeiro romance do jornalista Nicolau Santos.