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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

15
Fev17

Verosímil?

Maria do Rosário Pedreira

Quando estou a ler romances de autores que nunca publicaram, um dos problemas que mais frequentemente encontro é a falta de verosimilhança. Coisas muito forçadas, coladas com cuspo ou metidas a martelo porque dão jeito para justificar qualquer passagem anterior, mas que nem por um minuto acreditamos que pudessem ter acontecido. Uma vez por outra há um autor que reclama dizendo que, embora eu ache certos episódios inverosímeis (plural de inverosímil, e não aquela palavra irritante que tanta gente escreve acabada em «mel»), se baseou numa história verdadeira, portanto, em factos que aconteceram mesmo. Nesses casos, parafraseando aquela máxima aplicada à mulher de César, costumo dizer que, nos romances, não é preciso ser verdade, tem é de parecer… Li recentemente uma crítica a um livro inglês (ou metade, porque já não a li até ao fim) que me fez recordar estas conversas. Escrevia o crítico que no romance You Too Can Have a Body Like Mine, de Alexandra Kleeman, se conta a dada altura a história de um russo que começou a tossir e encheu um lenço de sangue. Foi imediatamente levado para o hospital onde, depois de radiografado, lhe descobriram uma massa densa e irregular no pulmão esquerdo. Todos pensaram que tinha um cancro e decidiram operá-lo de urgência; mas, assim que lhe abriram o peito na cirurgia, os médicos encontraram, implantada no seu pulmão, uma pequena árvore... Diria eu, se não se tratasse de um romance de tipo fantástico (e não se trata), que tal enredo era completamente inverosímil. E, segundo o crítico, a história do russo é mesmo verdadeira. Larguei, pois, a crítica e fui à procura de saber coisas do homem que tinha um abeto junto ao coração. Daria, parece-me, uma história bonita para crianças.

2 comentários

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    Anónimo 16.02.2017

    Também gostei muito dessa história do Gabo.
    E haverá histórias mais inverosímeis que as do Júlio Verne, que afinal se tornaram reais muito mais tarde?
    E o D. Quixote?
    E o Principezinho?
    E a Alice?
    Tudo fantástico, tudo inverosímel, tudo belo!
    Antonieta
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