Vida colorida
Quando era miúda e ficava doente em casa, a minha mãe dava-me às vezes livros de pintar. Eu adorava, e os meus preferidos – não sei se ainda existem, apesar de tanta coisa sofisticada que para aí há – traziam um pincel que, mergulhado em água, fazia, em contacto com o papel, aparecer cores diferentes em cada página (parecia magia). Bem, os livros de colorir não são para os mais criativos (que gostam de fazer os próprios desenhos), mas a ideia que guardo deles é a de que entretinham muito. E leio agora num artigo que, pelos vistos, também os adultos gostam deles… Em Inglaterra, os médicos receitam-nos para diminuir a depressão e aliviar a tensão do dia-a-dia e, segundo os livreiros, só em 2014 o aumento de vendas foi de cerca de 300 %. A moda desta terapia começou em França quando se descobriu que as mulheres que trabalhavam muitas horas ao telefone, por exemplo, ficavam muito menos enervadas se pintassem ou desenhassem ao mesmo tempo. E a tendência (como tudo o que é francês) atravessou o canal, sendo agora a Inglaterra surpreendida por um aumento exponencial na venda de certos títulos de livros de pintar, sobretudo aqueles que têm páginas destacáveis que podem ser posteriormente emolduradas. Enfim, as crianças andam com brinquedos cada vez mais tecnológicos e os adultos parecem estar a regressar à infância.